Com o grito de guerra “muitos querem falar, nós queremos ouvir”, os alunos do Centro de Ensino Médio CEMEIT, de Taguatinga, marcaram a Comissão Geral que debateu o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. O evento, que foi uma iniciativa do Deputado Valdelino Barcelos, contou ainda com a presença de representantes da educação, da saúde, da segurança pública e de instituições que defendem a conscientização sobre o assunto.
Valdelino Barcelos apresentou dados recentes da Organização Mundial da Saúde. “Todo ano cerca de 800 mil pessoas no mundo tiram a própria vida, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, são 32 pessoas por dia. É tão grave que parece até mentira. Mas também sabemos que 90% dos suicídios podem ser evitados”, pontuou o deputado, que é membro da Frente Parlamentar de Apoio à Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio e Automutilação no Distrito Federal.
O deputado defendeu que toda a população precisa de conscientização. “Até pouco tempo atrás, falar sobre suicídio era tabu. Mas nós precisamos sim falar abertamente sobre isso. Este deve ser um aprendizado de todos nós, independente de idade, cor, profissão, religião, ideologias ou situação social”, disse.
O professor do CEMEIT e supervisor pedagógico do Grupo de Enfrentamento à Depressão e ao Suicídio, Gabriel Rodrigues, declarou emocionado: “nós vivemos em uma sociedade em que os medos estão falando mais do que a boca, então eu preciso dizer: vocês são importantes! Não desistam. Às vezes a vida é confusa, mas não desistam”.
A campanha Setembro Amarelo foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida – CVV, em parceria com o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria. Voluntária do CVV, Maria Amélia também esteve no evento e apresentou o trabalho filantrópico que exerce há tantos anos.
Para o subsecretário de Educação Básica, Helber Vieira, os discursos de ódio só separam as pessoas. “A empatia deveria ocupar um espaço maior em sala de aula. O sistema educacional precisa sim ser redesenhado, para lidar com essas questões abertamente. O espaço pedagógico precisa disso”, argumentou.
A subsecretária de Políticas para Crianças e Adolescentes, Adriana de Faria, falou sobre as redes sociais e o uso da internet. “Da nossa lista de centenas ou milhares de amigos, quantos deles estão realmente à disposição para nos ouvir quando precisamos?”, questionou ela, olhando para os jovens. “Em crianças e adolescentes, o suicídio é a quarta principal causa de morte e as projeções para 2020 são ainda mais preocupantes. É momento de refletir”, concluiu.
A aprovação do Plano Distrital de Prevenção ao Suicídio foi citada pela médica psiquiatra e diretora de Saúde Mental do GDF, Elaine Bida. “Os eixos deste trabalho serão primordialmente sobre prevenção, tratamento, capacitação, avaliação, monitoramento e políticas públicas”, falou ela, pedindo ajuda dos deputados distritais para essa construção.
O professor Elias Lacerda, presidente da Comissão de Estudos em Prevenção e Intervenção ao Suicídio – Rede Internacional de Excelência Jurídica do DF e Escola da Felicidade, defendeu a criação de espaços de fala entre as gerações. “O suicídio é um processo, com diversas fases. Beber, fumar e automutilar são fatores de risco, que precisam ser observados”.
O presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do DF e familiar de uma vítima pelo suicídio, Wilton Cardoso, lembrou que muitas pessoas passam mais tempo no trabalho do que com a própria família. “Aí entra a percepção do técnico prevencionista. Falar é a melhor solução. A prevenção é a melhor saída”.
Representando o Corpo de Bombeiros do DF, o tenente coronel Clayson Marques, falou em seu discurso sobre a quantidade assustadora de ocorrências de pessoas com intenção de cometer suicídio. “Esse número está crescendo”.
Os alunos do Centro de Ensino Fundamental 312 de Samambaia, do Centro de Ensino Fundamental 304 de Samambaia, do Centro de Ensino Médio 1 de Brazlândia e do Centro de Ensino Fundamental 3 de Brazlândia também participaram do evento.